quarta-feira, 27 de julho de 2016
PARA A MAIS LINDA NATUREZA
Há manhã no hálito do silêncio.
As ondas do que foi chorado por alguém
supõem ressacas.
Se abaixo delas tesouros permanecem à espera,
isso não muda em nenhum aspecto a manhã.
Injusto? Sem dúvida.
Mas injusto para com as ondas
que ainda supõem
servir apenas
para trazer à praia
a sujeira do mar.
As ondas são o afeto do mar,
a sujeira do mar não é sua
como o são seus tesouros.
O mar é belo.
Belo!
A despeito dos discursos...
O hálito do silêncio causou sua ressaca
num contramovimento
em que o mar acreditou...
Acreditar nunca foi ter fé.
Só se pode acreditar no que é dito,
No coração do silêncio mora voz,
e esta não precisa dizer nada...
O coração é uma palavra bonita para nomear o mar...
é nele que se pode alquimizar o silêncio.
Transforma-lo em ouro.
O ouro é belo.
Belo!
A despeito dos discursos.
Que ressaca? Que sujeira?
Se o mar causa náuseas, deve-se por para fora
o que dentro não se adequa ao seu movimento.
Tudo o mais é acreditar.
Tudo fora
a mais bela manhã,
a despeito dos discursos.
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