Não é que eu tenha acordado,
acordar é impossível estando vivo.
Entrei em um acordo
com minhas cordas
e desatei-as das teias
dos meus disparates.
Nunca tive voz,
dormia como durmo
enquanto tecia-me
em liames.
Não houve o que pousasse
e permitisse assim ser preso
pela teia invisível, perfeita,
que sequer eu mesmo via
(eu muito mais intuía);
o cúmulo do haver o que não há
sempre foi a espera
áspera e silente
que tremulava sombras,
enquanto a espera
era
o meu peso
sobre meu coletivo
de cordas bambas.
Evidente que eu dormia,
como
durmo...
entretanto o sono,
sem sonhos
não justificou a escrita,
nunca o fizera,
pois esta não era nada
(não preenche os requisitos
do que é ser)...
Vivo
não abrirei os olhos.
Agora que o sei
a farsa acabou,
a máscara não pegou-se à cara,
porque nenhuma das duas
foi capaz de haver
para que eu as contemplasse
e as fundisse uma à outra
pelo uso contínuo.
Sabendo-o, não assumirei nada!
Nenhum átomo disso tudo é celebrável,
não há o que me pertença
para que pertença também a outrem
qual distúrbio perceptivo,
nem quero não querer nada
nem dizer que não quero nada,
fazendo da negação o troféu
de um egocêntrico solitário,
sonhando com tabacarias
à procura da beleza do efêmero.
O lápis em minha frente
não consegue mais ser apontado.
Hoje sabe ser gasto.
Quebra-se o grafite com facilidade.
Hei de jogá-lo
como um regalo último
à minha teia.
O único.
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