Que eu não me perca na pasmaceira adjetiva,
nem trace as fronteiras de ti por letras vagas,
sólido som sem alma
que derretes até o vazio com tua dança.
Que antes se calicizem as pedras
de todas as construções
sem nome
em que se abriga gente
a dormir sobre chãos sem geometria,
e que eu trague em um só gole
o remédio de seu conteúdo.
Só assim serei livre para pintar-te o rosto
e exibí-lo à toda a obviedade,
essa irmã tua que te serve de esconderijo
enquanto danças sobre todos os efeitos
a devolver beleza às circunstâncias
com teus pés descalços.
(Nascer da grama incontáveis vezes por segundo
para endurecer teus calcanhares,
possuir a forma de tua dança hiperflamenca,
imobilizada;
isso é maior e mais vívido
do que a imobilidade alternante dos dias)
Adjetivei figuras, viciei minha queda
nas referências facilitadas da cor e do movimento.
Por amor, preservei intactas tuas características,
elas que descobrem a si mesmas quando ouso.
Não há grandes temas fora de teu cerco.
Amor, tempo, fé e mente sombreiam a pedra
sobre a qual sentas
para interagir com o ocaso,
tu que com o que pra ti é corpo
animizas espíritos de todas as coisas
inocentemente,
as mesmas coisas que traguei em um só gole
após nadar no breu azulado de tua pupila.
(Ao nadar, olhei para cima em um momento de respiro.
Celeste era a abóbada)
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