Do prédio, o ouvido
acusa apenas
como agudos freios estridentes
mantêm presos rodas e dentes
ao trânsito do que por natureza passa.
Da janela, terças partes de outros prédios
sem topo e sem propósito
entretêm olhos internos
por trás dos espelhos de todas as fachadas.
Meu prédio é, quiçá, só terça parte
por detrás da minha imagem refletida
no espelho além do espelho
que é a construção na qual não habito.
Os papéis e o ser-estar
são menos meus
que a agudez metálica
do som gerado
pelo semáforo.
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