Há comodidade em ser multidão,
na desculpa de ser invariavelmente outro.
Tudo são eus que comem, que gesticulam,
que projetam, que rezam, que sofrem,
fazendo do laguinho morto da heteronímia
uma impossível tormenta,
transformando em naus
barquinhos de jornal
e afundando-os na cabeça para ser Napoleão.
Na centopeia do ser
se espreguiçam pernas em excesso
e nervos em falta
(centopeias tem coração?).
Chovem afagos para os eus
que nunca têm culpa,
qual ácidas lágrimas
chovidas de nebulosos eus místicos
e incognoscíveis
a transbordar os leitos
dos eus deuses e esquecidos.
Para desembocar em que ralo,
alimentar que poça d'água?
Para conquistar a Europa no quintal?
Ser déspota obscurecido,
almirante louco?
Mais íntegro ser um só,
homonímico.
Não neurótico.
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