Na demografia dos insetos interiores
floresce uma São Paulo no baixo ventre,
uma Londres no plexo solar,
uma Cidade do México na garganta,
umas três Nova Yorks na cabeça
e incontáveis Pequins no coração,
cada qual com suas políticas públicas
a extorquir de inseto a inseto
uma quantidade absurda de energia vital,
a controlar importações com taxas alfandegárias
e ganhos individuais com imposto de renda
em nome do progresso dos insetos.
No interior, baratas publicitárias,
minhocas extratoras de petróleo,
louva-deuses vendedores de bens simbólicos
e as sempre fatídicas cigarras
convencem as moscas interiores
a consumir gasolinas metafóricas
concomitantes a automóveis
e ternos (dos insetos) italianos,
uísques (dos insetos) escoceses,
filmes (dos insetos) americanos
e futebol (dos insetos) brasileiros.
Na demografia dos insetos interiores,
setenta por cento são moscas,
dez são louva-deuses,
cinco são minhocas,
sete são cigarras ou mariposas
e três são centopeias.
(O mundo todo almeja
o status de centopeia.
Há universidades e empresas de coaching
que sobrevivem desse sonho.)
Na demografia dos insetos interiores
há moscas vendendo cachorro-quente
na 25 de Março interior.
Há produtos interiormente piratas
comprados por moscas picaretas
que sonham em ser baratas
entre chuteiras, microfones e cotações.
Semelhanças com a realidade?
O problema é todo seu!
Não se estava falando do mundo.
(Enquanto isso, formigas usam as antenas
para fazer cosquinhas em pulgões interiores.)
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