quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Estratégia

Bolei uma estratégia para vencer.
Tinha inimigos,  pensava...

Meu reino e minha casa eram mais posse
do que reino e do que casa.
O instinto era medieval ainda que sincero.

Os sacerdotes de meu reino, pseudomestres da retórica,
convenciam a todos os meus soldados de que a luta
era pelo Inominável.

A estratégia era conquistar reinos alheios,
vencendo seus soldados e seu deus,
o que acabava por configurar
uma ciranda inútil
cujos passos se davam
mais pelas muletas
que os soldados tinham como espada
do que pela canção que sequer supunham haver
ainda que reinasse sobre todo o ar em movimento.

O problema de se fazer estratégias para vencer a si,
quando se é uma infinidade de reinos,
é prospectar a vitória antes mesmo
do alinhamento das tropas.
Isso acaba com o resplendor do jogo
que toda guerra é.
A única graça que há é o imprevisível.
É ele que aumenta o conhecimento universal.

O mais é aquilo que se mente para vencer
onde não existe jogo nenhum.

Concretizar impossibilidades:
algo como vencer onde não há jogo,
sem mentir.

Sem estratégia nenhuma.

Só então se pode afirmar com certeza:
"existo!".


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