sexta-feira, 20 de maio de 2016

A MÁQUINA






Ao Jonathan Mendes Caris


Insurgem as metáforas sempre.

Maquinismos são tirânicos.
Quantos de nós andamos medindo as palavras
sem notar que elas não têm tamanho?

Quem de nós ousaria esboçar o fascismo da dedução?
Não pode haver nome geral que determine o indivíduo.
Indivíduo é um nome geral pelo qual se entende somente um devir.
Um devir é algo que só se compreende como tal depois, nunca antes.

Tal é a cadeia que em milionésimos de segundo
é formada e destruída para que um templo nasça da ruína da máquina.

A máquina não é ninguém.
Expressá-lo é tão óbvio quanto estranho.
A própria expressão é aqui metáfora e insurge,
como um harakiri da máquina
que sabe se lá quantas obras de arte forma em milionésimos de segundo
pela soma de cada trajetória elétrica que parece dar a ela
uma finalidade.

A finalidade é um devir e, como tal, só se compreende depois,
nunca antes

As finalidades espreitam na esquina como o mestre que só aparece
quando o discípulo está pronto.

Sempre metáforas as insurgem.