sábado, 11 de janeiro de 2014

DE UMA VEZ

Se o vestíbulo do verbo é a garganta,
qual é o mapa que me dirige
pra dentro da porta sacrossanta
do que me transpõe a laringe?
Nada há de reino no hoje do mundo,
no bojo da crosta em que se protegem
ensimesmados nadas em que me redundo,
eu que não conheço as cordas que me regem.
Porque devo transpor as portas da palavra
e levantar maremotos de breu,
se não atinjo um reino pleno e meu
quando o logos que me tange se apalavra?
A língua está no coração, e ele na língua,
autorretratos recíprocos e em movimento.
A vista fica clara no presto momento
em que a voz estala
e o pensamento
míngua...

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