segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

OPACIDADE

Necessito de um acontecimento translúcido.

A opacidade morta nela mesma
não permite fluxos ordenadores.
Ela é a própria impaciência
quando pinta um autorretrato
sem referências fora da alteridade.

Translúcido... 

força de ser em nada imposta
a sutilizar a maneira de mudar que tudo tem.

Nenhum sentido há para que o brilho do olho
seja sempre maior do que o que é, digamos, visto,
nem para que a exceção à regra sempre cegue.

Fazer da luz Luz é grandioso e silente,
distante como a geometria o é da realidade.
Até ela é opaca, demanda a opacidade para que seja.
Com isso profanam-se todas as mandalas do mundo
e as coisas às quais a atenção se dirige,
exterioridades todas, 
formadoras da experiência também opaca
de cada instante e do que ali estiver, digamos, contido.

Digamos, porque é impreciso.

A precisão demanda Luz,
é um acontecimento translúcido por excelência.

A liberdade é uma expressão imprecisa da translucidez
que a experiência abafa.
Ser preciso é infinitamente mais livre do que ser livre.

A opacidade é a mãe de todas as sombras.
E o que preciso
urgentemente
é de um acontecimento translúcido.

Alguém viu?

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