sexta-feira, 11 de novembro de 2016

RECADO






A quem possa compreender a lida:
que divida e cale
esse fazer-se ídolo
para crepuscular-se.
A perspectiva do tempo dá-se pelas sombras
e o indizível é só o haver sombra sobre o que se aparenta.

Nunca é pela palavra que se entende o que se diz.

A lida é um passar de olhos pelos sujeitos,
captar-lhes o provável e morrer de dúvida
para demonstrar-lhes que a vida é uma sentença.
Talvez assim queiram-na verdadeira...

Ademais, é sempre à beira do ininteligível
que se encontram os templos sagrados
e todo o seu tesouro improvável.
Bater à sua porta exige sumiço.

Sumir é uma ousadia, como deixar uma frase
em uma carta sob a porta,
em um idioma desconhecido...
uma improvável oração sem sujeito.
Para que seja lida.







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